sexta-feira, 3 de julho de 2009

Vida de Santa Joana d'Arc - Parte II


A Missão de Joana d'Arc

[Cena 3]

Germana (chega, toda enfeitada de flores): O que vocês estão fazendo? A festa vai começar dentro de meia hora e Joana ainda não está pronta... (Pegando a grinalda na mão). Sua grinalda é muito bonita, sem dúvida, deve ser para a capela de Nossa Senhora, nunca vi você trançar uma grinalda para se enfeitar.

Joana: É verdade que todas as minhas flores são para Maria, mas não recuso participar da festa. Não preciso de muito tempo para me preparar, chegarei quase tão cedo quanto vocês, Germana, leva Catarina com você, irei logo alcançá-las.

Germana: Joana, não falte; sem você não haverá festa.

Catarina (para Joana): Não quero ir sem você, vou esperar.

Joana: Seja obediente, Catarina, Sabe o que foi combinado entre nós... Eu preciso ficar algum tempo sozinha.

Germana: Por que, tantas vezes, você quer ficar sozinha? Deve se aborrecer por não saber das novidades. Eu sei de algumas muito interessantes... Sabe o que está acontecendo em Orleans?

Joana: Não, não sei de nada. Meus irmão mais velhos, Tiago e João estão no exército, rezo todos os dias para eles, mas não desejo saber o que está acontecendo em Orleans nem em lugar nenhum.

Germana (estranhando): Mas você não ama a França, Joana?

Joana: Sim, amo-a, mas sou apenas uma pastorinha e sei que permanecendo humilde e oculta posso ser mais útil a nossa pobre pátria do que procurando saber coisas que não me dizem respeito.

Catarina (levantando-se): Pois bem, Joana, como você me disse para partir, vou à festa. Se Germana começar a falar de todas as coisas que ela sabe, ainda estaremos aqui quando a festa acabar. Não estou a fim de perdê-la.

Germana e Catarina beijam Joana e partem


[Cena 4]

Joana: Já é tarde e não ouvi minhas vozes ainda... Mas preciso partir para a festa. (Ajoelha-se) Ó Nossa Senhora, protegei-me, sou vossa pequena serva. Dê-me a graça de nada fazer que não lhe seja agradável.

São Miguel (invisível, canta a música): Parti, arautos

Joana (apavorada): Ó meu Deus! Não estou entendendo! De costume, a voz que ouço é tão suave... Não é a mim que a de hoje se dirige. Quem é a criança que, por cujo intermédio, devem cumprir-se tão grandes coisas?Talvez serei eu quem lhe comunicará a vontade de Deus... Mas não acreditará em mim! Ó Santíssima Virgem Maria, e vós, meu bom anjo da guarda, dignai-vos a esclarecer-me e dizer-me o que devo fazer!

Santa Catarina e Santa Margarida (invisíveis, Cantam a música): O anjo e a alma (Primeira Parte)

Joana (sempre mais apavorada): Salvar a Pátria! Empunhar a espada! Eu, pobre criança dos campos... estou sonhando! (Levanta-se e olha ao redor). Não, estou bem acordada! Meu Deus! amparai-me! Estou perturbada. Estou com medo. (Esconde o rosto com as mãos e chora.)

Santa Catarina e Santa Margarida (invisíveis, Cantam a música): O anjo e a alma (Segunda Parte)

São Miguel (sempre invisível, Canta a música): O anjo e a alma (Terceira Parte)

Durante os cantos, Joana levanta a cabeça, procura ver os seres invisíveis que lhe falam, e fica em atitude de êxtase. A voz de são Miguel amedronta-a e a faz chorar de novo. - Depois que ele acaba de cantar, ela diz:

Joana: Quem sois vós para falar-me desta maneira? Oh! suplico-vos, mostrai-vos a mim. Se a vossa voz é tão harmoniosa e tão apavorante, vosso rosto deve ser bonito!

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