sexta-feira, 7 de maio de 2010

non adsumes nomen Domini Dei tui in vanum


2º - Do segundo Mandamento da Lei de Deus

372) Que nos proíbe o segundo Mandamento: não tomar seu Santo Nome em vão?
O segundo Mandamento, proíbe-nos:
1 - pronunciar o nome de Deus sem respeito;
2 - blasfemar contra Deus, contra a Santíssima Virgem ou contra os Santos;
3 - fazer juramentos falsos ou não necessários, ou proibidos desta ou daquela maneira.

373) Que quer dizer pronunciar o Nome de Deus sem respeito?
Pronunciar o Nome de Deus sem respeito quer dizer: pronunciar este Santo Nome, e tudo o que se refere em modo especial ao próprio Deus como o Nome de Jesus Cristo, de Maria e dos Santos com ira, por escárnio, ou de outro modo pouco reverente.

374) Que é a blasfêmia?
A blasfêmia é um pecado horrível que consiste em palavras ou atos de desprezo ou maldição contra Deus, contra a Virgem, contra os Santos, ou contra as coisas santas.

375) Há diferença entre a blasfêmia e a imprecação ou praga?
Há diferença, porque com a blasfêmia se amaldiçoa ou se deseja mal a Deus, a Nossa Senhora, aos Santos; ao passo que, com a imprecação ou praga, se amaldiçoa ou se deseja mal a si mesmo ou ao próximo.

376) Que é jurar?
Jurar é tomar a Deus em testemunho da verdade do que se afirma ou se promete.

377) É sempre proibido jurar?
Não é sempre proibido o juramento, mas é lícito e até honroso para Deus, quando há necessidade, e se jura com verdade, discernimento e justiça.

378) Quando não se jura com verdade?
Quando se afirma com juramento o que se sabe ou se julga ser falso, e quando com juramento se promete o que não se tem a intenção de cumprir.

379) Quando não se jura com discernimento?
Quando se jura sem prudência e sem madura ponderação, ou por coisas de pequena importância.

380) Quando não se jura com justiça?
Quando se jura fazer uma coisa que não é justa ou permitida, como jurar vingar-se, roubar e outras coisas parecidas.

381) Somos obrigados a cumprir o juramento de fazer coisas injustas ou proibidas?
Não só não somos obrigados, mas pecaríamos fazendo-as, porque são proibidas pela lei de Deus ou da Igreja.

382) Quem jura falso, que pecado comete?
Quem jura falso comete pecado mortal, porque desonra gravemente a Deus, verdade infinita, chamando-O em testemunho do que é falso.

383) Que nos ordena o segundo Mandamento?
O segundo Mandamento ordena-nos que honremos o Santo Nome de Deus, e que cumpramos, além dos juramentos, também os votos.

384) Que é um voto?
Um voto é uma promessa feita a Deus de uma coisa boa, para nós possível, e melhor que a coisa contrária, a que nós nos obrigamos, como se nos fosse preceituada.

385) Se a observância do voto se nos tornasse no todo ou em parte muito difícil, que haveria a fazer?
Podia-se pedir a comutação ou a dispensa ao Bispo próprio, ou ao Sumo Pontífice, conforme a qualidade do voto.

386) É pecado transgredir os votos?
O transgredir os votos é pecado, e por isso não devemos fazer votos sem madura reflexão, e ordinariamente sem o conselho do confessor, ou de outra pessoa prudente, para não nos expormos ao perigo de pecar.

387) Podem fazer-se votos a Nossa Senhora e aos Santos?
Os votos fazem-se só a Deus; pode-se, porém, prometer a Deus fazer alguma coisa em honra de Nossa Senhora ou dos Santos.

(Catecismo de São Pio X)

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Ego sum Dominus Deus tuus


1º - Do primeiro Mandamento da Lei de Deus

350) Por que disse o Senhor antes de ditar os Mandamentos: Eu sou o Senhor teu Deus?
Antes de promulgar os seus Mandamentos, Deus disse: Eu sou o Senhor teu Deus , para que saibamos que Deus, sendo o nosso Criador e Senhor, pode mandar o que quiser, e nós, criaturas suas, somos obrigados a obedecer-Lhe.

351) Que nos ordena Deus com as palavras do primeiro Mandamento: amar a Deus sobre todas as coisas?
Com as palavras do primeiro Mandamento: amar a Deus sobre todas as coisas, Deus nos ordena que o reconheçamos, adoremos, amemos e sirvamos a Ele só, como nosso Soberano Senhor.

352) Como se cumpre o primeiro Mandamento?
Cumpre-se o primeiro Mandamento com o exercício do culto interno e externo.

353) Que é o culto interno?
O culto interno é a honra que se presta a Deus só com as faculdades da alma isto é, com a inteligência e com a vontade.

354) Que é o culto externo?
O culto externo é a homenagem que se presta a Deus por meio de atos exteriores e de objetos sensíveis.

355) Não basta adorar a Deus interiormente, só com o coração?
Não basta adorar a Deus interiormente, só com o coração, mas é necessário adorá-Lo também exteriormente, com a alma e com o corpo juntamente, porque Ele é Criador e Senhor absoluto de uma e de outro.

356) Poderá haver culto externo sem o interno?
Não pode de forma alguma haver culto externo sem o interno, porque aquele, desacompanhado deste, fica privado de vida, de merecimento e de eficácia, como corpo sem alma.

357) Que nos proíbe o primeiro Mandamento?
O primeiro Mandamento proíbe-nos a idolatria, a superstição, o sacrilégio, a heresia,
e todo e qualquer outro pecado contra a religião.

358) Que é a idolatria?
Chama-se idolatria o prestar a alguma criatura, por exemplo a uma estátua, a uma imagem, a um homem, o culto supremo de adoração, devido só a Deus.

359) Como está expressa na Sagrada Escritura esta proibição?
Na Sagrada Escritura está expressa esta proibição com as palavras: Não farás para ti imagem de escultura, nem figura alguma de tudo o que há em cima, no céu, e do que há embaixo, na terra. E não adorarás tais coisas, nem lhes darás culto.

360) Proíbem estas palavras toda a espécie de imagens?
Não, por certo. Mas só as das falsas divindades, feitas com intuito de adoração, como faziam os idólatras. E tanto isto é verdade, que o próprio Deus deu ordem a Moisés para fazer algumas, como as duas estátuas de querubins que estavam sobre a arca, e a serpente de bronze no deserto.

361) Que é a superstição?
Chama-se superstição toda e qualquer devoção contrária à doutrina e ao uso da Igreja, bem como o atribuir a urna ação ou alguma coisa uma virtude sobrenatural que ela não tem.

362) Que é o sacrilégio?
O sacrilégio é a profanação de um lugar, de uma pessoa ou de uma coisa consagrada a Deus ou destinada ao seu culto.

363) Que é a heresia?
A heresia é um erro culpável de inteligência, pelo qual se nega com pertinácia alguma
verdade de fé.

364) Que mais coisas proíbe o primeiro Mandamento?
O primeiro Mandamento proíbe também todo o comércio ou trato com o demônio, e o filiar-se às seitas anticristãs.

365) Quem recorresse ao demônio e o invocasse, cometeria pecado grave?
Quem recorresse ao demônio e o invocasse, cometeria um pecado enorme, porque o demônio é o mais perverso inimigo de Deus e do homem.

366) É lícito interrogar as mesas chamadas falantes ou escreventes, ou consultar de algum modo as almas dos mortos, por meio de espiritismo?
Todas as práticas do espiritismo são proibidas, porque são supersticiosas, e muitas vezes não estão isentas de intervenção diabólica, e por isso foram justamente interditas pela Igreja.

367) O primeiro Mandamento proíbe acaso honrar e invocar os Anjos e os Santos?
Não. Não é proibido honrar e invocar os Anjos e os Santos, e até o devemos fazer, porque é coisa boa e útil, e altamente recomendada pela Igreja, já que eles são amigos de Deus e nossos intercessores junto dEle.

368) Sendo Jesus Cristo o nosso único mediador junto de Deus, por que recorremos também à intercessão da Santíssima Virgem e dos Santos?
Jesus Cristo é o nosso mediador junto de Deus, enquanto, sendo verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, só Ele, em virtude dos próprios merecimentos, nos reconciliou com Deus e dEle nos obtém todas as graças. Mas, a Santíssima Virgem e os Santos, em virtude dos merecimentos de Jesus Cristo, e pela caridade que os une a Deus e a nós, auxiliamnos com a sua intercessão a alcançar as graças que pedimos. E este é um dos grandes bens da comunhão dos Santos.

369) Podemos honrar também as sagradas imagens de Jesus Cristo e dos Santos?
Sim, porque a honra que se tributa às sagradas imagens de Jesus Cristo e dos Santos, refere-se às suas mesmas pessoas.

370) E as relíquias dos Santos, podem honrar-se?
Sim, também as relíquias dos Santos podem e devem honrar-se porque os seus corpos foram membros vivos de Jesus Cristo e templos do Espírito Santo, e devem ressurgir gloriosos para a vida eterna.

371) Que diferença há entre o culto que prestamos a Deus, e o culto que prestamos aos Santos?
Entre o culto que prestamos a Deus e o culto que prestamos aos Santos há esta diferença: que a Deus adoramo-Lo pela sua infinita excelência, ao passo que aos Santos não os adoramos, mas só os honramos e veneramos como amigos de Deus e nossos intercessores junto dEle. O culto que prestamos a Deus chama-se latria, isto é, de adoração, e o culto que prestamos aos Santos chama-se dulia, isto é, de veneração aos servos de Deus; enfim o culto especial que prestamos a Maria Santíssima chama-se hiperdulia, isto é, de essencialíssima veneração, como Mãe de Deus.

(Catecismo de São Pio X)

terça-feira, 20 de abril de 2010

Castiga o meu corpo em seu lugar!


Oração de Santa Catarina de Sena pelo Papa. Ainda muito atual.

"Imploro, pois, que tua santíssima Clemência purifique o teu Representante. Inflame-se o seu coração no desejo santo de recuperar os membros perdidos, atraindo-os com o auxílio do teu poder. Se a lentidão do teu Representante te desagradar, ó Amor eterno, castiga meu corpo em seu lugar. Eu o ofereço e entrego a Ti, para que o aflijas com sofrimento e o destruas, da maneira que Te parecer bem.

Meu Senhor, pequei; tem compaixão de mim!"

Oração de Santa Catarina de Sena

Felippe Cremona

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Que ninguém tema a morte!


"Quem tiver piedade e amor a Deus, regozige-se nesta gloriosa e brilhante festa. Quem for servo bom, entre e alegre-se no gozo de seu Senhor. Quem suportou a fadiga do jejum, receba agora a recompensa; quem trabalhou desde a primeira hora, receba hoje o seu justo salário. Quem veio após a terceira hora, festeje com gratidão. Quem chegou após a sexta hora, entre sem hesitar, porque não será renegado. Quem atrasou-se até a nona hora, venha sem receio e medo.

Quem chegou somente na décima primeira hora, não tenha medo por causa de sua demora, porque o Senhor é generoso. Acolhe o ultimo como o primeiro; remunera o operário da décima primeira hora como o da primeira; cobre um com sua misecórdia e outro com sua graça. é generoso com um e ao outro concede; aceita as obras e abençoa a intenção, recompensa o trabalho e louva a boa vontade.

Entrai pois todos no gozo de nosso Senhor. Primeiros e ultimos, recebei a recompensa; ricos e pobres, alegrai-vos juntos; justos e pecadores, honrai este dia; os que jejuaram e os que não jejuaram, regozijai-vos uns com os outros; a mesa é farta; saciai-vos á vontade; o vitelo é gordo, que ninguém se retire com fome; participem todos do banquete da fé, que todos recebam a riqueza da graça; que ninguém se constranja da pobreza, porque o reino universal foi proclamado; que ninguém chore por causa de seus pecados, porque o perdão jorrou do tumulo. Que ninguém tema a morte, porque a morte do Salvador nos libertou a todos.

O salvador destruiu a morte, quando a ela se submeteu; despojou o inferno quando nele desceu. o inferno tocou seu corpo e foi aniquilado. Foi isto que profetizou Isaias, exclamando: o inferno ficou aflito ao encontrar-te; aflito, pois foi arruinado; aflito e menosprezado; foi executado e menosprezado; aflito pois foi subjugado. Agarrou um corpo e encontrou um Deus; apossou-se da terra e achou-se diante do céu. Pegou o que viu, e caiu naquilo que não viu. Onde está o teu aguilhão, ó morte! Onde está a tua vitória, ó inferno? Cristo ressuscitou e foste arrazado; Cristo ressuscitou, e os demonios foram vencidos; Cristo ressuscitou e os anjos rejubilam-se; Cristo ressuscitou e a vida foi restituida; Cristo ressuscitou e não ficou mais nenhum morto no tumulo, porque Cristo pela sua ressureição dos mortos tornou-se primaz dentre os mortos. A êle a glória e o poder pelos séculos dos séculos. Amem.

Cristo ressuscitou!"

Sermão de Páscoa - São João Crisostomo

Felippe Cremona

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Atraíste tudo a ti, Senhor!


"Oh, admirável poder da cruz! Oh! glória inefável da paixão! Nela se encontra o tribunal do Senhor, nela o julgamento do mundo, nela o poder do crucificado!

Atraíste tudo a ti, Senhor, e, enquanto estendias durante todo um dia tuas mãos para um povo incrédulo e obstinado em contradizer-te, o mundo inteiro recebeu o entendimento para confessar tua majestade!

Atraíste tudo a ti, Senhor, porque, para execrar o crime dos judeus, todos os elementos pronunciaram uma sentença unânime, quando os luminares celestes se escureceram, e o dia mudou em noite, quando a terra foi sacudida por movimentos insólitos, e a criação inteira se recusou a servir aos ímpios!

Atraíste tudo a ti, Senhor, porque, rasgando o véu do templo, o Santo dos Santos se retirou de pontífices indignos; a figura se mudou então em verdade; a profecia, em manifestação; a Lei, no Evangelho.

Atraíste tudo a ti, Senhor, a fim de que o culto de todas as nações do universo celebre, mediante um sacramento pleno e manifesto, o que se fazia num só templo da Judéia e sob a sombra de figuras.

Com efeito, agora a ordem dos levitas é mais ilustre, a dignidade dos anciãos é mais elevada e a unção dos sacerdotes é mais sagrada; porque tua cruz é a fonte de todas as bênçãos, a causa de todas as graças; por ela, da fraqueza os crentes recebem a força; do opróbrio, a glória; da morte, a vida.

Agora a diversidade dos sacrifícios carnais esta terminada; a oferenda única de teu corpo e de teu sangue consome todas as diferenças das vítimas; porque és tu, o verdadeiro Cordeiro de Deus, que tiras os pecados do mundo e completas em ti todos os mistérios, a fim de que todos os povos formem um só reino como todas as vítimas cedem o lugar a um só sacrifício."

Texto retirado do sermão numero 59 de São Leão Magno

Felippe Cremona

segunda-feira, 29 de março de 2010

Porque Cristo morreu pelos nossos pecados?


Quando a verdade se fez homem, ela teve que morrer por nós. Morrer pelos nossos pecados, foi a melhor forma de redimir a humanidade de seus pecados? São Tomás de Aquino nos da uma pista.

"O fato do homem ter sido libertado pela paixão de Cristo teve muitas conseqüências apropriadas à sua salvação, além da libertação do pecado.

Primeiro, o homem conhece, por este fato, quanto Deus o ama, sendo assim incentivado a amá-lo também, e é aí que está a perfeição da salvação humana. É o que diz o Apóstolo na Carta aos Romanos:

'Nisto Deus prova o seu amor para conosco: Cristo morreu por nós quando ainda éramos inimigos' (5, 8-9)

Segundo, deu-nos exemplo de obediência, de humildade, de constância, de justiça e das demais virtudes que demonstrou na paixão de Cristo, necessárias todas para a salvação humana. É o que diz a primeira carta de Pedro:

'Cristo sofreu por nós, deixando-nos um exemplo, a fim de que sigamos suas pegadas'. (2, 1)

Terceiro, Cristo, por sua paixão não apenas livrou o homem do pecado, mas também lhe mereceu a graça santificante e a glória da bem-aventurança.

Quarto, mostra-se ao homem, por esse fato, que é ainda mais necessário ele se manter imune do pecado, segundo a primeira Carta aos Coríntios:

'Alguém pagou o preço do vosso resgate. Glorificai e levai a Deus em vosso corpo.' (6, 20)

Quinto, esse fato trouxe maior dignidade ao homem, Ou seja, como o homem fora vencido e enganado pelo diabo, seria também um homem a vencer o diabo; e como o homem merecera a morte, seria também um homem, ao morrer, que venceria a morte, como diz a Primeira Carta aos Coríntios:

'Rendamos graças a Deus, que nos dá a vitória por Jesus Cristo' (15, 57)

Portanto, foi mais conveniente que fôssemos libertados pela paixão de Cristo do que somente pela exclusiva vontade de Deus."


Texto retirado do Terceiro Livro da Suma Teológica Questão 46 escrito por São Tomás de Aquino

Felippe Cremona

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Na Quaresma, entramos na arena para a luta


Quaresma esta longe de ser um tempo monótono. Preparem-se para a batalha!

"Chegamos, pois, caríssimos, ao início da quaresma, ou seja, a um mais complicado serviço do Senhor, pois comprometendo-nos de alguma forma em uma espécie de competição de obras santas, preparamos nossas almas para combater as tentações; e compreendamos que quanto mais nos aplicarmos à nossa salvação, tanto mais veementes serão os ataques dos adversários.

Mas, aquele está em nós é mais forte do que aquele que está contra nós e é por ele que nos afirmamos, se confiarmos em sua força: porque se o Senhor permitiu ser tentado pelo tentador, com isto quis nos instruir pelo seu exemplo, para que fôssemos fortalecidos pelo seu auxílio. Porque Ele venceu o inimigo, como já ouvistes dizer, apelando para as leis e não pelo uso do seu poder; desta forma Ele honrava sobremaneira o homem e punia mais severamente o adversário, pois que o inimigo do gênero humano era vencido por Ele não tanto enquanto Deus, mas enquanto homem.

Portanto, Ele lutou para que nós pudéssemos lutar em seguida; Ele venceu, para que nós da mesma forma vencêssemos. Caríssimos, não existe nenhuma obra de virtude sem a experiência da tentação, nenhuma fé sem provações, nenhum combate sem inimigo, nenhuam vitória sem compromisso. Esta nossa vida está posta no meio das dificuldades e dos combates; se quisermos ser vencedores, é preciso combater. Eis porque o sábio Salomão escreveu:

"Meu filho, entrando para o serviço do Senhor, prepara a tua alma para a tentação". (Sb 2, 1)

Com efeito, este homem pleno de sabedoria de Deus, sabendo que o esforço religioso comporta duros combates e prevendo as incertezas do combate, sabe antecipadamente que será preciso combater: porque se o tentador atinge uma alma ignorante deve-se temer que ele possa ferir mais rapidamente a alma despreparada.

Nós, portanto, que fomos instruídos pelo ensinamento divino, entrando cientes para a competição do presente combate, ouçamos o Apóstolo que diz:

"Pois o nosso combate não é contra o sangue nem contra a carne, mas contra os principados, contra as autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra os espíritos do mal, que povoam as regiões celestiais". (Ef 6, 12)

Não ignoremos que estes inimigos que desejam nos iludir compreendem bem que é contra eles que agimos quando tentamos alcançar nossa salvação; somente por isso, e desejando qualquer bem nós provocamos os adversários.

Existe entre eles e nós fomentada pela inveja diabólica, inveterada oposição, de tal modo que empobrecidos como eles estão destes bens dos quais somos cumulados pela graça de Deus, nossa justificação significa sua tortura. Quando, portanto, nós nos levantamos, eles se afundam; quando nós reencontramos nossas forças, eles adoecem. Nossos remédios são pragas para eles, pois são feridos com a cura de nossas feridas.

Caríssimos, como diz o Apóstolo:

"Portanto, ponde-vos de pé e cingi os vossos rins com a verdade e revesti-vos da couraça da justiça e calçai os vossos pés com a preparação do evangelho da paz, empunhando sempre o escudo da fé, com o qual podereis extinguir os dardos inflamados do Maligno. E tomais o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus". (EF 6, 14-17)

Vêde, caríssimos, de que forças poderosas, de que defesas insuperáveis nos muniu este comandante adornado de tantos triunfos, este mestre invencível da milícia cristã!"

São Leão Magno, Rogai por nós!
Texto retirados do sermão 39 de São Leão Magno

Felippe Cremona

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Como ocorre o Julgamento de Cristo?


Como ocorre o julgamento? São Tomás de Aquino explica.

"De acordo com Gregório existem quatro diferenças entre os que devem ser julgados.

Primeiramente, uns são bons, outros maus.

Entre os maus, alguns serão condenados, não, porém, julgados. São os infiéis, cujas ações nem serão discutidas, já que está escrito no Evangelho de São João:

'Quem não crê, já está julgado' (3,18).

Outros serão condenados e julgados, como os fiéis que morreram em pecado mortal:

'O salário do pecado é a morte' (Rm 6,23).

Visto que essas pessoas tiveram fé, não deixarão de ser julgadas.

Entre os bons, também alguns serão salvos sem serem julgados:

São os que se fizeram pobres de espírito por amor de Deus. Eles julgarão os demais, conforme se lê no Evangelho:

'Vós, que me seguistes, vos sentareis em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel' (Mt 19, 28).

Tal promessa de Jesus não foi feita apenas aos apóstolos, mas a todos os pobres de espírito. Se não fosse assim, São Paulo, que trabalhou mais do que todos os outros, não estaria entre os juízes. As palavras de Jesus devem ser aplicadas a todos que seguiram os apóstolos, e os varões apostólicos:

'Não sabeis que julgaremos os anjos?' (I Cor 6,3).

Lê-se, também, no Livro do Profeta Isaías:

'Ele vai chamar a juízo os conselheiros
E os chefes do seu povo' (3, 14)


Outros serão salvos, depois de serem julgados. São os que morreram em estado de graça. Embora tenham morrido como justos, cometeram algumas faltas nas suas atividades temporais. Serão, portanto, julgados, mas conseguirão a salvação."


São Tomás de Aquino, rogai por nós!
Todos os textos foram tirados de "O Credo" escrito por São Tomas de Aquino.

Felippe Cremona

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Cânones de Nicéia



1. Se alguém foi mutilado pelos médicos por ocasião de uma enfermidade ou castrado pelos bárbaros, pode permanecer no clero. Mas se alguém estando em boa saúde, se castrou a si mesmo, um tal deve ser excluído da pertença ao clero; e a partir de agora nenhum desses seja admitido. Ora, como evidentemente o que foi dito se refere àqueles que façam isso deliberadamente e ousem castrar-se a si mesmos, a regra admite ao clero quem tiver sido feito eunuco pelos bárbaros ou pelos próprios patrões, mas for digno sob os outros aspectos.

2. Por causa de muitas coisas, tanto por necessidade quanto por urgência de indivíduos, feitas de forma contrária ao cânon eclesiástico, então aqueles homens que vieram recentemente para a fé de uma vida gentílica, e foram catequizados há pouco tempo, foram conduzidos diretamente ao banho espiritual, e assim que batizados receberam um episcopado ou presbitério, parece bem que de agora em diante tal coisa não aconteça mais. Pois os catecúmenos precisam de mais tempo e um longo julgamento depois do batismo. A carta apostólica, também, é clara ao dizer "não neófito, para que não se ensoberbeça e venha a cair na condenação do Diabo". Se, por outro lado, no curso do tempo algum pecado físico for encontrado contra a pessoa, e for exposta por duas ou três pessoas, deixe que esta pessoa seja demitida do clero. Quanto a qualquer um agindo contrariamente até aqui, tendo a audácia de fazer coisas contrárias ao grande concílio, ele mesmo se colocará em perigo de perder seu posto no clero.

3. O grande concílio proíbe de forma geral qualquer bispo ou presbítero ou diácono, e qualquer outro que estiver entre o clero, o privilégio de ter uma subintroducta. A menos que ela seja uma mãe, ou uma irmã, ou uma tia, ou uma pessoa acima de qualquer suspeita.

4. É mais adequado que um bispo seja instalado por todos aqueles em sua província. Mas se tal coisa é difícil ou por urgência das circunstâncias, ou por causa da distância a ser viajada, pelo menos três devem se encontrar em algum lugar e por seus votos combinados com aqueles que faltaram e se juntando à eleição por carta eles devem levar adiante a ordenação. Mas que a ratificação dos procedimentos seja confiada a cada metropolita.

5. Quanto àqueles que foram negados a comunhão pelos bispos de uma província particular, sejam eles membros do clero ou pertencentes a uma ordem leiga, deixe a opinião expressa no cânon prevalecer, prescrevendo que aqueles rejeitados por alguns não sejam recebidos por outros. Mas faça-se uma investigação sobre se eles foram ou não excomungados por causa de mente limitada, ou vontade de disputa ou qualquer outra coisa desagradável do Bispo. Para que então, uma investigação apropriada seja conduzida, parece bem que sínodos sejam mantidos a cada ano, duas vezes por ano, em cada província e em uma comum discussão mantida por todos os bispos da província reunídos para este propósito deixe tais questões serem discutidas. E ainda aqueles que admitidamente discutiram com o bispo pareceria melhor razoavelmente excluí-los da comunhão até tempo determinado pelo consentimento dos bispos, podendo ser melhor dar um voto mais filantrópico a seu favor. Sobre estes sínodos, que um seja feito antes da Quaresma, para que com a eliminação de pessoas de mente limitada, a dádiva seja dada a Deus em toda sua pureza, e a segunda seja mantida em algum tempo durante o outono.

6. Deixe os antigos costumes no Egito, na Líbia e em Pentápolis prevalescer, que o bispo de Alexandria tenha jurisdição sobre todos estas partes, desde que é este o costume para o bispo de Roma também. Da mesma forma com referência a Antioquia, e em outras províncias, deixe as igrejas reterem seus privilégios. E deve ser universalmente entendido que no caso de alguém ter sido eleito bispo sem a aprovação do metropolita, o grande sínodo prescreve que tal pessoa não se torne bispo. Se, contudo, dois ou três bispos por amor natural à contradição se oporem ao sufrágio comum do resto, sendo este razoável e de acordo com a lei eclesiástica, deixem o voto da maioria prevalescer.

7. Desde que o costume e a antiga tradição tem prevalescido que o bispo de Aélia deve ser honrado, deixe-o, salvando sua devida honra à Metrópolis, ter o próximo lugar de honra.

8. A respeito daqueles que se chamam cátaros, se eles voltarem para a Igreja Católica e Apostólica, o grande e santo Sínodo declara que aqueles que são ordenados continuem como se eles fossem do clero. Mas é necessário antes de todas as coisas que eles devem professar por escrito que eles irão observar e seguir os dogmas da Igreja Católica e Apostólica, em particular que eles vão se comunicar com pessoas que se casaram duas vezes e com aqueles que tendo fraquejado na perseguição e tendo um período [de penitência] sobre eles, e um tempo [de restauração] fixado de tal forma que em todas as coisas eles irão seguir os dogmas da Igreja Católica. Seja onde for então, se nas vilas ou nas cidades, todos os ordenados sendo destes somente, deixe-os ficar no clero, na mesma posição que foram encontrados. Mas se eles forem de uma região onde há um bispo ou presbítero da Igreja Católica, é manifesto que o bispo da igreja deve ter a dignidade do bispo. E aquele que foi nomeado bispo por aqueles que se chamam cátaros devem ter a posição de presbítero, a menos que seja apropriado para o bispo admitir que ele compartilhe a honra do título. Ou, se isto não for satisfatório, então o bispo deverá prover a ele uma posição como o Chorepiscopus, ou presbítero, para que ele seja evidentemente visto como parte do clero, e que não haja dois bispos na cidade.

9. Se algum presbítero foi promovido sem exame, ou se no exame eles fizeram confissão de crime, e homens agindo em violação do cânon puserem suas mãos neles, apesar de sua confissão, o cânon não admite, pois a Igreja Católica requer [somente] aqueles que são sem culpa.

10. Se alguém que caiu foi ordenado por ignorância, ou mesmo com conhecimento prévio dos ordenadores, isto não deve prejudicar o cânon da Igreja, pois quando eles forem descobertos devem ser depostos.

11. A respeito daqueles que caíram sem coerção, sem a pilhagem de suas propriedades, sem perigo parecido, como aconteceu na tirania de Licinius, o Sínodo declara que, apesar de não merecerem clemência, devem ser tratados com misericórdia. Quantos foram comungantes, se se arrependeram de coração, deverão passar três anos entre os ouvintes, devem ser "genuflectores" por sete anos, e por dois anos eles devem comunicar com o povo em orações, mas sem oblações.

12. Quantos foram chamados pela graça, e demonstrado o primeiro zelo, jogando fora suas cintas militares, mas depois retornaram, como cães ao seu próprio vômito (de forma que alguns gastam dinheiro e por meio de presentes recuperam seus postos militares), deixem estes, após passar o tempo de três anos como ouvintes, ser por dez anos "genuflectores". Mas em todos estes casos é necessário examinar bem seus propósitos e o que parece ser seu arrependimento. Pois quantos derem evidências de suas palavras por atos, e não pretensão, com temor, e lágrimas, e perseverança, e boas obras, quando eles cumprirem o seu tempo determinado como ouvintes, poderão propriamente se comunicar em orações, e depois disto o bispo poderá ainda determinar [condições] mais favoráveis a eles. Mas aqueles que conduzem [o tema] com indiferença, e que pensam que a forma de [não] entrar na Igreja é suficiente para sua conversão, devem cumprir todo o tempo.

13. Sobre os moribundos, a antiga lei canônica ainda deve ser mantida, a julgar que, se algum homem estiver à beira da morte, ele não deve ser privado da última e mais indispensável Viaticum. Mas se alguém tiver sua saúde restaurada novamente, que recebeu a comunhão quando sua vida não tinha mais esperança, deixe-o ficar entre os que comungam em orações apenas. Mas em geral e no caso de qualquer pessoa que estiver morrendo de qualquer coisa e pedir para receber a Eucaristia, deixe o bispo, após o exame feito, dá-lo.

14. Sobre os catecúmenos que caíram, o sagrado e grande Sínodo decreta que, depois de passar três anos somente como ouvintes, eles devem orar com os catecúmenos.

15. Por causa da grande perturbação e discórdia que acontece, está decretado que o costume que prevalesce em alguns lugares contra o Cânon, deve ser completamente abolido, assim que nenhum bispo, presbítero nem diácono deve passar de cidade para cidade. E se algum, depois deste decreto do sagrado e grande Sínodo tentar tal coisa, ou continuar em tal caminho, seu procedimento deve ser totalmente anulado, e deve ser restaurado para a igreja onde foi ordenado bispo ou presbítero.

16. Nem presbíteros, nem diáconos, ou qualquer outro inscrito entre o clero, que não tendo o temor de Deus ante seus olhos, nem considerando o cânon eclesiástico, serão indiferentemente removidos de suas próprias igrejas, devem por quaisquer outros meios serem recebidos em outra igreja, mas toda restrição deve ser aplicada para os restaura às suas próprias paróquias, e se eles não forem, serão excomungados. E se algum homem ousar secretamente raptar e em sua própria Igreja ordenar uma pessoa pertencente a outra, sem o consentimento de seu próprio bispo, apesar de ter sido alistado por ele à lista de clérigos da igreja que abandonou, que sua ordenação seja anulada.

17. Uma vez que muitos que foram eleitos para o clero, seguindo a cobiça e o desejo por ganhos, esquecendo a divina Escritura, que diz: "Ele não deu seu dinheiro por usura", e emprestando dinheiro pede o centésimo da soma [como interesse mensal], o sagrado e grande Sínodo acha que depois deste decreto, qualquer um que for achado recebendo usura, se ele faz isto por transação secreta ou, pedindo tudo e mais a metade, ou usando outro artifício qualquer para finalidade ilícia de lucro, ele deve ser deposto do clero e seu nome removido da lista.

18. Veio a conhecimento do sagrado e grande Sínodo que, em alguns distritos e cidades, os diáconos administram a Eucaristia aos presbíteros, onde nem o cânon nem o costume permitem que eles que não tem o direito de oferecer dêem o Corpo de Cristo àqueles que tem este direito. E também veio a ser conhecido que alguns diáconos agora tocam a Eucaristia mesmo antes dos bispos. Façam tais práticas serem totalmente abolidas, e façam os diáconos ficarem em seus próprios limites, sabendo que são ministros dos bispos e inferiores aos presbíteros. Façam-nos receber a Eucaristia segundo sua ordem, depois dos presbíteros, e façam ou os bispos ou os presbíteros administrarem a eles. Além do mais, não deixem os diáconos sentarem-se com os presbíteros, pois isto é contrário ao cânon e a ordem. E se, depois deste decreto, alguém se recusar a obedecer, que seja deposto do diaconato.

19. Sobre os Paulianistas que buscaram refúgio na Igreja Católica, foi decretado que eles devem ser por todos os meios rebatizados, e se algum deles foi no passado contado entre seus clérigos deve ser achado sem falta e sem reprovação, deixe-os ser rebatizados e ordenados pelo Bispo da Igreja Católica, mas se o exame descobrir que eles são inadequados, devem ser depostos. Da mesma forma no caso de suas diaconisas, e geralmente no caso daqueles listados no seu clero, observem a mesma forma. E nós queremos dizer por diaconisas aquelas que assumiram o hábito, mas desde que não tiveram imposição de mãos, são contadas somente entre os leigos.

20. Uma vez que há certas pessoas que se ajoelham no Dia do Senhor e no dia de Pentecoste, então, para que todas as coisas sejam uniformemente observadas em todas as dioceses, parece bem para o sagrado Sínodo que toda oração a Deus seja feita em pé.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Símbolo de Constantinopla



Versão Latina

Creio em um só Deus, Pai onipotente, artífice do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis.

E em um só Senhor Jesus Cristo, unigênito Filho de Deus e nascido do Pai antes de todos os séculos, Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não feito, consubstancial ao Pai; por meio do qual tudo foi feito; o qual, em prol de nós, homens, e de nossa salvação, desceu dos céus, e se encarnou do Espírito Santo, de Maria Virgem, e se fez homem; que também foi crucificado por nós, sob Poncio Pilatos, padeceu e foi sepultado, e ressuscitou no terceiro dia, segundo as Escrituras, e subiu aos céus, está sentado à direita do Pai e virá novamente para julgar os vivos e os mortos; cujo reino não terá fim.

E no Espírito Santo, Senhor e vivificador, que procede do Pai e do Filho, que com o Pai e o Filho simultaneamente é adorado e conglorificado, que falou por meio dos profetas.

E a Igreja una, santa, católica e apostólica. Confesso um só batismo para a remissão dos pecados. E espero a ressurreição dos mortos e a vida do século vindouro.

Amém



Versão Grega

Cremos em um só Deus, Pai onipotente, artífice do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis.

E em um só senhor Jesus Cristo, filho unigênito de Deus, gerado pelo Pai antes de todos os séculos, Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado não feito, consubstancial ao Pai; por meio do qual tudo veio a ser; o qual em prol de nós, homens, e de nossa salvação, desceu dos céus, e se encarnou, do Espírito Santo e Maria, a Virgem, e se en-humanou; que também foi crucificado por nós, sob Pôncio Pilatos, e padeceu e foi sepultado e ressuscitou no terceiro dia, segundo as Escrituras, e subiu aos céus e está sentado à direita; e virá novamente na glória para julgar os vivos e os mortos; cujo reino não terá fim.

E no Espírito Santo, Senhor e vivificador, que procede do Pai, que junto com o Pai e o Filho é co-adorado e conglorificado, que falou por meio dos profetas.

Na Igreja una, santa, católica e apostólica. Confessamos um só batismo para a remissão dos pecados. Esperamos a ressurreição e a vida do século vindouro.

Amém