segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Na Quaresma, entramos na arena para a luta


Quaresma esta longe de ser um tempo monótono. Preparem-se para a batalha!

"Chegamos, pois, caríssimos, ao início da quaresma, ou seja, a um mais complicado serviço do Senhor, pois comprometendo-nos de alguma forma em uma espécie de competição de obras santas, preparamos nossas almas para combater as tentações; e compreendamos que quanto mais nos aplicarmos à nossa salvação, tanto mais veementes serão os ataques dos adversários.

Mas, aquele está em nós é mais forte do que aquele que está contra nós e é por ele que nos afirmamos, se confiarmos em sua força: porque se o Senhor permitiu ser tentado pelo tentador, com isto quis nos instruir pelo seu exemplo, para que fôssemos fortalecidos pelo seu auxílio. Porque Ele venceu o inimigo, como já ouvistes dizer, apelando para as leis e não pelo uso do seu poder; desta forma Ele honrava sobremaneira o homem e punia mais severamente o adversário, pois que o inimigo do gênero humano era vencido por Ele não tanto enquanto Deus, mas enquanto homem.

Portanto, Ele lutou para que nós pudéssemos lutar em seguida; Ele venceu, para que nós da mesma forma vencêssemos. Caríssimos, não existe nenhuma obra de virtude sem a experiência da tentação, nenhuma fé sem provações, nenhum combate sem inimigo, nenhuam vitória sem compromisso. Esta nossa vida está posta no meio das dificuldades e dos combates; se quisermos ser vencedores, é preciso combater. Eis porque o sábio Salomão escreveu:

"Meu filho, entrando para o serviço do Senhor, prepara a tua alma para a tentação". (Sb 2, 1)

Com efeito, este homem pleno de sabedoria de Deus, sabendo que o esforço religioso comporta duros combates e prevendo as incertezas do combate, sabe antecipadamente que será preciso combater: porque se o tentador atinge uma alma ignorante deve-se temer que ele possa ferir mais rapidamente a alma despreparada.

Nós, portanto, que fomos instruídos pelo ensinamento divino, entrando cientes para a competição do presente combate, ouçamos o Apóstolo que diz:

"Pois o nosso combate não é contra o sangue nem contra a carne, mas contra os principados, contra as autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra os espíritos do mal, que povoam as regiões celestiais". (Ef 6, 12)

Não ignoremos que estes inimigos que desejam nos iludir compreendem bem que é contra eles que agimos quando tentamos alcançar nossa salvação; somente por isso, e desejando qualquer bem nós provocamos os adversários.

Existe entre eles e nós fomentada pela inveja diabólica, inveterada oposição, de tal modo que empobrecidos como eles estão destes bens dos quais somos cumulados pela graça de Deus, nossa justificação significa sua tortura. Quando, portanto, nós nos levantamos, eles se afundam; quando nós reencontramos nossas forças, eles adoecem. Nossos remédios são pragas para eles, pois são feridos com a cura de nossas feridas.

Caríssimos, como diz o Apóstolo:

"Portanto, ponde-vos de pé e cingi os vossos rins com a verdade e revesti-vos da couraça da justiça e calçai os vossos pés com a preparação do evangelho da paz, empunhando sempre o escudo da fé, com o qual podereis extinguir os dardos inflamados do Maligno. E tomais o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus". (EF 6, 14-17)

Vêde, caríssimos, de que forças poderosas, de que defesas insuperáveis nos muniu este comandante adornado de tantos triunfos, este mestre invencível da milícia cristã!"

São Leão Magno, Rogai por nós!
Texto retirados do sermão 39 de São Leão Magno

Felippe Cremona

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Como ocorre o Julgamento de Cristo?


Como ocorre o julgamento? São Tomás de Aquino explica.

"De acordo com Gregório existem quatro diferenças entre os que devem ser julgados.

Primeiramente, uns são bons, outros maus.

Entre os maus, alguns serão condenados, não, porém, julgados. São os infiéis, cujas ações nem serão discutidas, já que está escrito no Evangelho de São João:

'Quem não crê, já está julgado' (3,18).

Outros serão condenados e julgados, como os fiéis que morreram em pecado mortal:

'O salário do pecado é a morte' (Rm 6,23).

Visto que essas pessoas tiveram fé, não deixarão de ser julgadas.

Entre os bons, também alguns serão salvos sem serem julgados:

São os que se fizeram pobres de espírito por amor de Deus. Eles julgarão os demais, conforme se lê no Evangelho:

'Vós, que me seguistes, vos sentareis em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel' (Mt 19, 28).

Tal promessa de Jesus não foi feita apenas aos apóstolos, mas a todos os pobres de espírito. Se não fosse assim, São Paulo, que trabalhou mais do que todos os outros, não estaria entre os juízes. As palavras de Jesus devem ser aplicadas a todos que seguiram os apóstolos, e os varões apostólicos:

'Não sabeis que julgaremos os anjos?' (I Cor 6,3).

Lê-se, também, no Livro do Profeta Isaías:

'Ele vai chamar a juízo os conselheiros
E os chefes do seu povo' (3, 14)


Outros serão salvos, depois de serem julgados. São os que morreram em estado de graça. Embora tenham morrido como justos, cometeram algumas faltas nas suas atividades temporais. Serão, portanto, julgados, mas conseguirão a salvação."


São Tomás de Aquino, rogai por nós!
Todos os textos foram tirados de "O Credo" escrito por São Tomas de Aquino.

Felippe Cremona