quarta-feira, 29 de julho de 2009

Sobre Milagres


O que é milagre? São Tomás de Aquino te explica.

"A palavra milagre toma-se de admiração. A admiração se dá quando os efeitos são manifestos e a causa, oculta. Por exemplo, uma pessoa admira quando vê um eclipse do sol, mas ignora a causa, como se diz no início do livra da Metafísica. Ora, a causa de um efeito aparente pode ser conhecida de alguns e ignorada por outros; portanto, isso pode parecer admirável para uns e para outros não:

O rude admira o eclipse do sol; o astrônomo, não.

Chama-se, pois, milagre o que é cheio de admiração, no sentido de que a causa fica absolutamente oculta para todos. Esta causa é Deus. Portanto, as coisas feitas por Deus fora das causas por nós conhecidas são chamadas de milagres"

São Tomás de Aquino, rogai por nós!
Todos os textos foram tirados da "Suma Teológica Livro I" escrito por São Tomás de Aquino.

Felippe Cremona

sábado, 18 de julho de 2009

Utrum Deus Sit


É impossível provar que Deus existe? São Tomás de Aquino irá te deixar de "queixo caido"

"Por cinco vias pode-se provar a existência de Deus.

A primeira e mais manifesta é a procedente do movimento; pois, é certo e verificado pelos sentidos, que alguns seres são movidos neste mundo. Ora, todo o movido por outro o é. Porque nada é movido senão enquanto potencial, relativamente àquilo a que é movido, e um ser move enquanto em ato. Pois mover não é senão levar alguma coisa da potência ao ato; assim, o cálido atual, como o fogo, torna a madeira, cálido potencial, em cálido atual e dessa maneira, a move e altera. Ora, não é possível uma coisa estar em ato e potência, no mesmo ponto de vista, mas só em pontos de vista diversos; pois, o cálido atual não pode ser simultaneamente cálido potencial, mas, é frio em potência. Logo, é impossível uma coisa ser motora e movida ou mover-se a si própria, no mesmo ponto de vista e do mesmo modo, pois, tudo o que é movido há-de sê-lo por outro. Se, portanto, o motor também se move, é necessário seja movido por outro, e este por outro. Ora, não se pode assim proceder até ao infinito, porque não haveria nenhum primeiro motor e, por conseqüência, outro qualquer; pois, os motores segundos não movem, senão movidos
pelo primeiro, como não move o báculo sem ser movido pela mão. Logo, é necessário chegar a um primeiro motor, de nenhum outro movido, ao qual todos dão o nome de Deus.

A segunda via procede da natureza da causa eficiente. Pois, descobrimos que há certa ordem das causas eficientes nos seres sensíveis; porém, não concebemos, nem é possível que uma coisa seja causa eficiente de si própria, pois seria anterior a si mesma; o que não pode ser. Mas, é impossível, nas causas eficientes, procederse até o infinito; pois, em todas as causas eficientes ordenadas, a primeira é causa da média e esta, da última, sejam as médias muitas ou uma só; e como, removida a causa, removido fica o efeito, se nas causas eficientes não houver primeira, não haverá média nem última. Procedendo-se ao infinito, não haverá primeira causa eficiente, nem efeito último, nem causas eficientes médias, o que evidentemente é falso. Logo, é necessário admitir uma causa eficiente primeira, à qual todos dão o nome de Deus.

A terceira via, procedente do possível e do necessário, é a seguinte — Vemos que certas coisas podem ser e não ser, podendo ser geradas e corrompidas. Ora, impossível é existirem sempre todos os seres de tal natureza, pois o que pode não ser, algum tempo não foi. Se, portanto, todas as coisas podem não ser, algum tempo nenhuma existia. Mas, se tal fosse verdade, ainda agora nada existiria pois, o que não é só pode começar a existir por uma coisa já existente; ora, nenhum ente existindo, é impossível que algum comece a existir, eportanto, nada existiria, o que, evidentemente, é falso. Logo, nem todos os seres são possíveis, mas é forçoso que algum dentre eles seja necessário. Ora, tudo o que é necessário ou tem de fora a causa de sua necessidade ou não a tem. Mas não é possível proceder ao infinito, nos seres necessários, que têm a causa da própria necessidade, como também o não é nas causas eficientes, como já se provou. Por onde, é forçoso admitir um ser por si necessário, não tendo de fora a causa da sua necessidade, antes, sendo a causa da necessidade dos outros; e a tal ser, todos chamam Deus.

A quarta via procede dos graus que se encontram nas coisas. — Assim, nelas se encontram em proporção maior e menor o bem, a verdade, a nobreza e outros atributos semelhantes. Ora, o mais e o menos se dizem de diversos atributos enquanto se aproximam de um máximo, diversamente; assim, o mais cálido é o que mais se aproxima do maximamente cálido. Há, portanto, algo verdadeiríssimo, ótimo e nobilíssimo e, por conseqüente, maximamente ser; pois, as coisas maximamente verdadeiras são maximamente seres, como diz o Filósofo. Ora, o que é maximamente tal, em um gênero, é causa de tudo o que esse gênero compreende; assim o fogo, maximamente cálido, é causa de todos os cálidos, como no mesmo lugar se diz. Logo, há um ser, causa do ser, e da bondade, e de qualquer perfeição em tudo quanto existe, e chama-se Deus.

A quinta procede do governo das coisas — Pois, vemos que algumas, como os corpos naturais, que carecem de conhecimento, operam em vista de um fim; o que se conclui de operarem sempre ou freqüentemente do mesmo modo, para conseguirem o que é ótimo; donde resulta que chegam ao fim, não pelo acaso, mas pela intenção. Mas, os seres sem conhecimento não tendem ao fim sem serem dirigidos por um ente conhecedor e inteligente, como a seta, pelo arqueiro. Logo, há um ser inteligente, pelo qual todas as coisas naturais se ordenam ao fim, e a que chamamos Deus."

São Tomás de Aquino, rogai por nós!
Todos os textos foram tirados da "Suma Teológica Livro I" escrito por São Tomás de Aquino.

Felippe Cremona

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Missa Tridentina no RJ


Dia: 8 de agosto de 2009 às 12:30h (sábado)
Celebrante: Mons Sérgio Costa Couto.
Local: Capela de N. Sra. da Glória do Outeiro, no bairro da Glória SAIBA COMO CHEGAR


"Nós pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos" (I Coríntios 1,23)

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Sobre a Salvação fora da Igreja e a Autoridade Papal


Você acha acredita que basta ser batizado para alcançar a salvação? Ser fiel e submisso ao Papa é irrelevante? Basta ler esta bula do Santo Padre Bonifacio VIII.


"Una, santa, católica e apostólica: esta é a Igreja que devemos crer e professar já que é isso o que a ensina a fé. Nesta Igreja cremos com firmeza e com simplicidade testemunhamos. Fora dela não há salvação, nem remissão dos pecados, como declara o esposo no Cântico: 'Uma só é minha pomba sem defeito. Uma só a preferida pela mãe que a gerou' (Ct 6,9). Ela representa o único corpo místico, cuja cabeça é Cristo e Deus é a cabeça de Cristo. Nela existe 'um só Senhor, uma só fé e um só batismo' (Ef 4,5). De fato, apenas uma foi a arca de Noé na época do dilúvio; ela foi a figura antecipada da única Igreja; encerrada com 'um côvado' (Gn 6,16), teve um único piloto e um único chefe: Noé. Como lemos, tudo o que existia fora dela, sobre a terra, foi destruído.

A esta única Igreja, nós a veneramos, como diz o Senhor pelo profeta: 'Salva minha vida da espada, meu único ser, da pata do cão' (Sl 21,21). Ao mesmo tempo que Ele pediu pela alma - ou seja, pela cabeça - também pediu pelo corpo, porque chamou o seu corpo como único, isto é, a Igreja, por causa da unidade da Igreja no seu esposo, na fé, nos sacramentos e na caridade. Ela é a veste sem costura (Jo 19,23) do Salvador, que não foi dividida, mas tirada à sorte. Por isso, esta Igreja, una e única, tem um só corpo e uma só cabeça, e não duas como um monstro: é Cristo e Pedro, vigário de Cristo, e o sucessor de Pedro, conforme o que disse o Senhor ao próprio Pedro: 'Apascenta as minhas ovelhas' (Jo 21,17). Disse 'minhas' em geral e não 'esta' ou 'aquela' em particular, de forma que se subentende que todas lhe foram confiadas. Assim, se os gregos ou outros dizem que não foram confiados a Pedro e aos seus sucessores, é necessário que reconheçam que não fazem parte das ovelhas de Cristo pois o Senhor disse no evangelho de São João: 'Há um só rebanho e um só Pastor' (Jo 10,16).

As palavras do Evangenho nos ensinam: esta potência comporta duas espadas, todas as duas estão em poder da Igreja: a espada espiritual e a espada temporal. Mas esta última deve ser usada para a Igreja enquanto que a primeira deve ser usada pela Igreja. O espiritual deve ser manuseado pela mão do padre; o temporal, pela mão dos reis e cavaleiros, com o consenso e segundo a vontade do padre. Uma espada deve estar subordinada à outra espada; a autoridade temporal deve ser submissa à autoridade espiritual.

O poder espiritual deve superar em dignidade e nobreza toda espécie de poder terrestre. Devemos reconhecer isso quando mais nitidamente percebemos que as coisas espirituais sobrepujam as temporais. A verdade o atesta: o poder espiritual pode estabelecer o poder terrestre e julgá-lo se este não for bom. Ora, se o poder terrestre se desvia, será julgado pelo poder espiritual. Se o poder espiritual inferior se desvia, será julgado pelo poder superior. Mas, se o poder superior se desvia, somente Deus poderá julgá-lo e não o homem. Assim testemunha o apóstolo: 'O homem espiritual julga a respeito de tudo e por ninguém é julgado' (1Cor 2,15).

Esta autoridade, ainda que tenha sido dada a um homem e por ele seja exercida, não é humana, mas de Deus. Foi dada a Pedro pela boca de Deus e fundada para ele e seus sucessores Naquele que ele, a rocha, confessou, quando o Senhor disse a Pedro: 'Tudo o que ligares...' (Mt 16,19). Assim, quem resiste a este poder determinado por Deus 'resiste à ordem de Deus' (Rm 13,2), a menos que não esteja imaginando dois princípios, como fez Manes, opinião que julgamos falsa e herética, já que, conforme Moisés, não é 'nos princípios', mas 'no princípio Deus criou o céu e a terra' (Gn 1,1).

Por isso, declaramos, dizemos, definimos e pronunciamos que é absolutamente necessário à salvação de toda criatura humana estar sujeita ao romano pontífice.

Dada no Vaticano, no oitavo ano de nosso pontificado"


(Bula Unam Sanctam, Papa Bonifácio VIII)


Renunciando a falsa doutrina, fiquemos com o que diz a Igreja de forma infalível.


Está e a verdadeira fé Católica, fora da qual ninguém pode ser salvo!

Felippe Cremona

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Autênticos Cavaleiros


"Em nome de Jesus Cristo crucificado e da amável Maria, caríssimos filhos no doce Cristo Jesus, eu Catarina, serva e escrava dos servos de Jesus Cristo, vos escrevo no seu precioso sangue, desejosa de vos ver autênticos cavaleiros, de maneira que deis vossa vida por Cristo crucificado.

Vós fostes postos no campo de batalha desta tenebrosa vida, na qual nos achamos sempre a lutar contra inimigos. O mundo nos persegue com suas riquezas, altas posições e honras, mostrando-as como algo estável. Mas elas acabam e passam como o vento. O demônio nos assalta com muitas tentações, levando-nos a injuriar e muitas vezes a perder o controle na intenção de nos afastar do nosso próximo. Porque, se perdemos o amor perdemos a vida. A carne nos molesta com muitas fraquezas e movimentos, a fim de prejudicar nossa pureza. Com isso afastamo-nos de Deus, suprema e eterna pureza. Nossos inimigos jamais dormem, sempre atentos em nos perseguir. Deus permite isso para nos dar motivo de merecimento e nos acordar do sono da negligência. Sabeis que ao ser assaltado por seus inimigos, o homem procura meios para se defender. Ele compreende que, se ficar dormindo, estará em perigo de morte (espiritual). Deus permite as tentações para que estejamos acordados, munidos com as armas do ódio (pelo pecado) e do amor (pela virtude). O ódio fecha a porta aos vícios. Falo do consentimento da vontade, que opõe resistência e desprezo quando pode. Mas a pessoa abre essas portas às virtudes, estendendo as mãos ao amor, para acolher as virtudes com prazer e desejo.

Vedes assim como é bom, ótimo, que os adversários se levantem contra nós. Se possuímos uma vontade firme, não devemos nem podemos temer. Conformemo-nos, dizendo: 'Por Cristo crucificado tudo podemos'. E de que pode ter medo quem confia no seu Criador? General do nosso campo de batalha é Jesus Cristo. Ele, com seu sangue, derrotou nossos inimigos; venceu os prazeres e a riqueza mundana mediante a humilhação voluntária, mediante a fome, a sede e as perseguições. Cristo, com sua sabedoria, venceu o demônio e sua malícia, usando o anzol e a isca da nossa humanidade na união da natureza divina com a humana. Nossa carne foi derrotada na sua carne flagelada, torturada e saturada de opróbrios no lenho da santa cruz. E no fim, nossa carne foi elevada acima dos coros de anjos na ressurreição do filho de Deus. Nenhum corpo e nenhuma mente deveriam existir, tão corrompidos, que ao contemplar nossa natureza unida à natureza divina não se purificassem e não preferissem morrer que enlamear-se no pecado. Conhecemos o remédio. Nosso general, Cristo, venceu por nós nossos inimigos, enfraqueceu-os, aprisionou-os, de maneira que não podem vencer-nos, sem nosso consentimento. Nada temos a temer. Resta-nos apenas combater valorosamente, fazendo o sinal da cruz, contemplar o sangue do Cordeiro imaculado, e usar a espada do ódio (pelo pecado) e do amor (pela virtude), ferindo assim os adversários.

Este é o combate geral, que todos com o uso da razão devem enfrentar. Em sua infinita bondade, Deus nos escolheu como cavaleiros para o combate aos vícios e pecados, e para a procura do rico tesouro das virtudes. Assim me parece que Deus vos convida a crescer na perfeição através da salvação dos infiéis, como um dos primeiros combatentes da Cruzada. De fato, agora ela começa. O santo padre envia os cavaleiros militares, e quem os acompanha.

Bondosos filhos, revesti-vos sem nenhum medo com a couraça do sangue (de cristo), misturando o vosso sangue com o do Cordeiro. Que bela couraça esta, para defender de todos os golpes. E com a espada do ódio (o pecado) e do amor (à virtude), devidamente protegidos, golpeareis e vencereis vossos inimigos. Bondosos filhos, que consolidadada é esta couraça que, ao defender, vence, e ao ser ofendida, suplanta. Nela encontram-se flechas invisíveis, que fazem germinar flores e frutos. Flores são o louvor e a glória de Deus que eliminam a infidelidade. E com as flores virá o fruto, quero dizer, o merecimento de nossas canseiras, fazendo-nos viver a graça, vê-la crescer e, por fim, alcançar a eterna visão de Deus.

Deixai a negligência, sede esforçados, não recuseis o prêmio por causa de uma pequena canseira. Somente assim sereis cavaleiros fortes. Por isso afirmei que desejava vos ver cavaleiros fortes no campo de batalha, cumpridores da vontade divina e realizadores do meu desejo de que mergulheis e vos inebrieis no sangue de Cristo crucificado, pois é no sangue que o coração se fortalece.

Nada mais acrescento.

Permanecei no santo e doce amor de Deus.
Jesus doce, Jesus amor."

Santa Catarina de Sena, rogai por nós!
Todos os textos foram tirados da carta 257 escrito por Santa Catarina de Sena.

Felippe Cremona

sábado, 11 de julho de 2009

São Nuno Álvares Pereira


No dia 26 de abril último foi canonizado em Roma, pelo Papa Bento XVI, o invicto guerreiro Nuno Álvares Pereira (1360 – 1431), elevado à honra dos altares 578 anos após seu falecimento.

Catolicismo - Causou compreensível júbilo, especialmente em Portugal e no Brasil, a canonização de Nuno Álvares Pereira, Condestável de Portugal. Sabemos que para Vossa Alteza enquanto Chefe da Casa Imperial do Brasil, como para os membros da Casa de Bragança, é especialmente honrosa essa elevação aos altares. Poderia falar-nos inicialmente dos laços de sangue que o unem ao Santo Condestável?

Dom Luiz - Como se tem conhecimento, Nuno Álvares Pereira nasceu em 1360, filho do Prior da Ordem do Hospital, Álvaro Gonçalves Pereira. Por seu elevado espírito cavalheiresco, almejava a perfeição cristã e acalentava o desejo de permanecer virgem. Entretanto, obedecendo a seu pai, que desejava adquirisse bens para manter sua posição na corte, casou-se com uma nobre e rica viúva, Dª. Leonor de Alvim, da qual teve dois filhos, que morreram ao nascer, e uma filha, Dª. Beatriz, de cujo parto faleceu a mãe. Uma vez no trono o Mestre de Aviz, D. João I, em prol de quem Nuno Álvares empenhara todo o seu devotamento na grave crise política e religiosa que Portugal atravessara, quis casar seu filho natural, o Infante D. Afonso, com a filha do Santo Condestável. Desse enlace nasceu a Casa dos Duques de Bragança, da qual descendem os imperadores do Brasil.


Catolicismo - Qual o traço de personalidade que mais admira em Nuno Álvares Pereira?

Dom Luiz - Se eu pudesse resumir em poucas palavras a figura desse grande santo, diria que ele foi a derradeira e acabada personificação da Idade Média portuguesa. Há uma definição que gosto de citar, feita pelo Infante D. Pedro, que com ele conviveu muito tempo: “Norma dos príncipes, exemplo dos senhores, espelho de anacoretas”. Realmente, toda a sua vida nos Conselhos do Rei, nos campos de batalha ou sob o hábito de irmão leigo carmelita foi norteada pelo ideal do “Serviço de Deus”.


Catolicismo - E qual a importância dele para a História?

Dom Luiz - Uma importância incalculável. Não hesito em dizer que ele fez renascer Portugal e revivescer o senso da missão histórica que cabia a esse povo e a essa nação, da qual o Brasil se orgulha de descender. Bem jovem, apenas com 13 anos, D. Nuno Álvares Pereira foi armado cavaleiro. Segundo os relatos do tempo, sempre se mostrou muito valente e ao mesmo tempo afável, sábio, bom conselheiro e agindo sem rancor ou ódio. Juntamente com essas qualidades, marcava seu espírito um afinado senso histórico e providencial. Portugal, depois da morte do rei D. Fernando I, encontrava-se numa encruzilhada no que diz respeito à sucessão ao Trono. O Rei D. Fernando I, o Formoso, casara-se em segredo com Leonor Telles, que tivera seu casamento anterior anulado. Após a morte do rei, Leonor Telles tornou-se regente e levou para viver no palácio seu amante, o galego João Fernandes Andeiro, o que causou grande indignação entre muita gente e levou os portugueses a cognominá-la Aleivosa. A filha de D. Fernando I e de Leonor Telles, Dª. Beatriz, estava prometida a D. João de Castela. Portugal encontrava-se dividido nessa crise, particularmente a nobreza. Parte dela, por comodismo ou por interesses diversos, preferia aceitar como soberanos Dª. Beatriz e D. João de Castela, o que acarretaria uma absorção do reino. Outros simplesmente aguardavam o desenlace dos acontecimentos para tomarem posição. Além disso, Castela era partidária do anti-papa Clemente VII. Esse conjunto de circunstâncias fez com que Nuno Álvares pusesse toda a sua dedicação e todo o seu entusiasmo a serviço da causa de D. João, Mestre de Aviz.


Catolicismo - Pode-se dizer, então, que ele galvanizou todo Portugal e sua empreitada foi triunfal?

Dom Luiz - Não diria isso. Como todas as obras providenciais, a missão de Nuno Álvares não foi fácil, tendo ele sofrido reveses. Sobretudo, teve que enfrentar o ambiente em boa parte acomodado, e também marcado pela decadência moral. É bom recordar que ele fez frente, até no campo de batalha, a vários de seus irmãos. Foi a custo que o futuro Condestável de Portugal se tornou recrutador e formador de outros jovens guerreiros e tornou vencedora sua causa. Com a nova dinastia de Aviz, virtuosa e idealista, com uma nobreza regenerada e revigorada, Portugal se lançou a “dilatar a Fé e o Império” até os confins do mundo. E isso não teria sido possível sem a atuação providencial de D. Nuno Álvares Pereira no momento em que Portugal estava para perder a alma e a independência.


Catolicismo - É compreensível que a figura do Santo Condestável desperte admiração e entusiasmo, por seu papel histórico na consolidação da missão providencial de Portugal da qual Vossa Alteza acaba de nos falar. Mas será que essa figura tem algo de específico para nossos dias?

Dom Luiz - Como um homem que ascendeu à honra dos altares, é evidente que suas virtudes são para nós um exemplo excelso. Mas creio que sua figura de cavaleiro cristão, de que falei, é mais atual do que pode parecer. Embora as circunstâncias da vida contemporânea sejam em grande medida diversas das que havia na época de Nuno Álvares Pereira, esse espírito de “serviço de Deus”, essa dedicação à causa da Igreja e da civilização cristã são mais necessários do que nunca. Infelizmente, todo o Ocidente, para falar só dele, é hoje assolado por um laicismo contraditoriamente moderado e agressivo. Modas, costumes, leis, idéias vão cada vez mais deteriorando as mentalidades e afastando-as do verdadeiro ideal cristão, com reflexos perniciosos para as sociedades. Ergue-se todo um mundo contrário a Jesus Cristo. Basta lembrar as legislações que por toda parte consagram como práticas habituais o terrível crime do aborto ou o mal chamado casamento homossexual, gravemente ofensivo a Deus. Diante dessa deterioração, é necessário que muitos sigam o exemplo do Santo Condestável e consagrem suas vidas à luta pelos ideais da civilização cristã, para alcançarem uma profunda regeneração da sociedade.


Catolicismo - A canonização de Nuno Álvares Pereira traz também algum ensinamento para a nobreza de nossos dias?

Dom Luiz - Sem dúvida. Em seu livro Nobreza e Elites tradicionais análogas nas alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza romana, que tive a honra de prefaciar, Plinio Corrêa de Oliveira ressalta bem que — sobretudo numa sociedade em que imperam a confusão das idéias, o desregramento dos costumes, o abandono da Religião — à nobreza e às elites tradicionais cabe desempenhar a função de guias, pelo exemplo de uma fé viva e operante, pela observância exímia do dever, pela fidelidade à tradição, que as tornam conhecedoras profundas e subtis dos problemas do presente. Infelizmente, nos dias que correm, nobres e até príncipes, apesar de seu sangue ilustre e de sua formação moral, aderiram à vulgaridade de maneiras, de formas de vida, de modos de ser ditos “modernos”. Nuno Álvares Pereira é para eles um exemplo e um intercessor insigne. Devemos rogar ao Santo Condestável dar-nos a coragem de enfrentar os ambientes ditos modernos, de permanecer fiéis aos ideais perenes da Igreja e da civilização cristã, de saber viver como ele no auge do prestígio, nos píncaros da sociedade, mas voltados para o serviço de Deus; de ser, enfim, fiéis ao que o Papa Bento XV qualificou de “sacerdócio da nobreza”.


São Nuno Álvares Pereira, rogai pela Causa Imperial Brasileira!
Todos os textos foram tirados da Revista Católicismo

Indulgência



Hoje em dia, vemos muitos católicos que, após verem as mentiras dos filmes do Herege Lutero, se acharem no direito de se dizerem contrários as Indulgências. Mas o que são as indulgências? São Tomás de Aquino nos explica como elas surgiram

"Para quem vive na caridade, as indulgências têm o valor que o Papa lhes pode conferir. Quando os santos fazem boas obras, sem terem pecado, ao menos mortalmente, essas obras são úteis para a Igreja. Do mesmo modo os méritos de Cristo e da bem-aventurada Virgem são reunidos como um tesouro. O Soberano Pontífice e aqueles a quem ele confiou tal cuidado, podem aplicar estes méritos, onde mais houver necessidade. Assim, pois, os pecados são remidos, quanto à falta, pela contrição, e quanto à pena, pela confissão e pelas indulgências."

São Tomás de Aquino, rogai por nós!
Todos os textos foram tirados de "O Credo" escrito por São Tomas de Aquino.

Felippe Cremona

terça-feira, 7 de julho de 2009

Santa Maria é a Nossa Esperança!


Somente Nosso Senhor Jesus Cristo é a nossa esperança? Vejamos o que Santo Afonso de Ligório diz sobre o assunto.

"Não suportam os hereges modernos que nós saudemos e chamemos a Maria nossa esperança. Dizem que só Deus é nossa esperança, e que ele amaldiçoa quem põe sua confiança na criatura. 'Maldito o homem que confia no homem' (Jr 17,5). Maria é criatura, objetam eles; como, pois, uma criatura há de ser a nossa esperança? Isto dizem os hereges. Entretanto quer a Santa Igreja que cada dia todos os eclesiásticos e todos os religiosos em voz alta, e em nome de todos os fiéis, invoquem e chamem a Maria com este nome de esperança nossa.

De dois modos, diz o Angélico S. Tomás, podemos pôr nossa esperança numa pessoa, como causa principal ou como causa mediante. Quem deseja obter do rei uma graça, espera alcançá-la do rei como soberano senhor, e espera obtê-la do seu ministro ou valido, como intercessor. No último caso a graça concedida veio do rei, mas por intermédio do seu valido. - Portanto, quem pretende a graça com razão chama aquele seu intercessor a sua esperança. Por ser de infinita bondade, sumamente deseja o Rei do céu enriquecer-nos com as suas graças. Mas porque para tanto é necessária de nossa parte a confiança, deu-nos o Senhor, para aumentá-la, sua própria Mãe por advogada e intercessora, e concedeu-lhe plenos poderes a fim de nos valer. Por esta razão quer também que nela coloquemos a esperança de nossa salvação e de todo nosso bem. Sem dúvida são amaldiçoados pelo Senhor, como diz Jeremias, aqueles que põem sua confiança na criatura unicamente. Tal é o procedimento dos pecadores que, em troca da amizade e dos préstimos de um homem, não se incomodam de ofender a Deus. São abençoados pelo Senhor e lhe são agradáveis, porém, os que esperam em Maria, tão poderosa como Mãe de Deus, para impetrar-lhe as graças e a vida eterna. Pois assim quer Deus ver honrada aquela excelsa criatura, que neste mundo o amou e honrou mais do que todos os anjos e homens juntos.

É, portanto, com muita razão que chamamos à Virgem esperança nossa, porque, como diz S. Roberto Belarmino, Cardeal, esperamos pela sua intercessão obter o que não alcançariamos só com nossas orações. Invocamo-la, observa Suárez, para que a dignidade da intercessora supra a nossa falta de méritos. De modo que continua ele, invocar a Virgem com tal esperança não é desconfiar da misericórdia de Deus, senão temer pela própria indignidade."


Santo Afonso Maria de Ligório, rogai por nós!
Todos os textos foram tirados de "Glórias de Maria" escrito por Santo Afonso Maria de Ligório.

Felippe Cremona

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Vida de Santa Joana d'Arc - Parte II


A Missão de Joana d'Arc

[Cena 3]

Germana (chega, toda enfeitada de flores): O que vocês estão fazendo? A festa vai começar dentro de meia hora e Joana ainda não está pronta... (Pegando a grinalda na mão). Sua grinalda é muito bonita, sem dúvida, deve ser para a capela de Nossa Senhora, nunca vi você trançar uma grinalda para se enfeitar.

Joana: É verdade que todas as minhas flores são para Maria, mas não recuso participar da festa. Não preciso de muito tempo para me preparar, chegarei quase tão cedo quanto vocês, Germana, leva Catarina com você, irei logo alcançá-las.

Germana: Joana, não falte; sem você não haverá festa.

Catarina (para Joana): Não quero ir sem você, vou esperar.

Joana: Seja obediente, Catarina, Sabe o que foi combinado entre nós... Eu preciso ficar algum tempo sozinha.

Germana: Por que, tantas vezes, você quer ficar sozinha? Deve se aborrecer por não saber das novidades. Eu sei de algumas muito interessantes... Sabe o que está acontecendo em Orleans?

Joana: Não, não sei de nada. Meus irmão mais velhos, Tiago e João estão no exército, rezo todos os dias para eles, mas não desejo saber o que está acontecendo em Orleans nem em lugar nenhum.

Germana (estranhando): Mas você não ama a França, Joana?

Joana: Sim, amo-a, mas sou apenas uma pastorinha e sei que permanecendo humilde e oculta posso ser mais útil a nossa pobre pátria do que procurando saber coisas que não me dizem respeito.

Catarina (levantando-se): Pois bem, Joana, como você me disse para partir, vou à festa. Se Germana começar a falar de todas as coisas que ela sabe, ainda estaremos aqui quando a festa acabar. Não estou a fim de perdê-la.

Germana e Catarina beijam Joana e partem


[Cena 4]

Joana: Já é tarde e não ouvi minhas vozes ainda... Mas preciso partir para a festa. (Ajoelha-se) Ó Nossa Senhora, protegei-me, sou vossa pequena serva. Dê-me a graça de nada fazer que não lhe seja agradável.

São Miguel (invisível, canta a música): Parti, arautos

Joana (apavorada): Ó meu Deus! Não estou entendendo! De costume, a voz que ouço é tão suave... Não é a mim que a de hoje se dirige. Quem é a criança que, por cujo intermédio, devem cumprir-se tão grandes coisas?Talvez serei eu quem lhe comunicará a vontade de Deus... Mas não acreditará em mim! Ó Santíssima Virgem Maria, e vós, meu bom anjo da guarda, dignai-vos a esclarecer-me e dizer-me o que devo fazer!

Santa Catarina e Santa Margarida (invisíveis, Cantam a música): O anjo e a alma (Primeira Parte)

Joana (sempre mais apavorada): Salvar a Pátria! Empunhar a espada! Eu, pobre criança dos campos... estou sonhando! (Levanta-se e olha ao redor). Não, estou bem acordada! Meu Deus! amparai-me! Estou perturbada. Estou com medo. (Esconde o rosto com as mãos e chora.)

Santa Catarina e Santa Margarida (invisíveis, Cantam a música): O anjo e a alma (Segunda Parte)

São Miguel (sempre invisível, Canta a música): O anjo e a alma (Terceira Parte)

Durante os cantos, Joana levanta a cabeça, procura ver os seres invisíveis que lhe falam, e fica em atitude de êxtase. A voz de são Miguel amedronta-a e a faz chorar de novo. - Depois que ele acaba de cantar, ela diz:

Joana: Quem sois vós para falar-me desta maneira? Oh! suplico-vos, mostrai-vos a mim. Se a vossa voz é tão harmoniosa e tão apavorante, vosso rosto deve ser bonito!

Vida de Santa Joana d'Arc - Parte I


Vida de Santa Joana d'Arc escrita por Santa Teresa do Menino Jesus, as musicas cantadas estão na minha comunidade do Orkut, basta clicar no link

A Missão de Joana d'Arc

[Cena 1]

Joana sozinha no campo, guarda o seu rebanho, canta trançando uma grinalda de flores - sua roca e seu cajado estão deitados ao lado dela.

Musica: "Sou eu a loura Ietala"



[Cena 2]

Quando Joana acaba de cantar, Catarina se aproxima dela silenciosamente. Joana parece espantada ao vê-la

Joana: Catarina, irmãzinha, que vem fazer aqui, por que não está tomando conta do seu rebanho?

Catarina: Meu rebanho já foi recolhido ao aprisco. Joana, você se esqueceu de que hoje é dia de festa? Nossas companheiras nos esperam para ir dançar debaixo da grande árvore.

Joana: Minha grinalda de flores está terminada e não me esqueci da festa, mas ainda é cedo para recolher meus carneirinhos. Dentro de uma hora alcançarei você debaixo da grande árvore.

Catarina (timidamente): Joana preciso lhe pedir um favor, suplico-lhe, não me repreenda... Ouvi você cantar, há pouco, estava escondida atrás das árvores... Você dizia que os anjos vêm falar com você...

Joana (muito emocionada): Você ouviu!... Ó Catarina! Não repita nunca essas palavras e não pergunte nada, pois não posso responder.

Catarina (acariciando Joana e sentando-se perto dela): Joana, sou sua irmã, não esconda de mim o seu segredo, prometo que nunca o revelarei a ninguém.

Joana: Pois bem! Só a você, Catarina, vou contar meu segredo. Você gosta de mim e sei que não vai contar para ninguém. É verdade que desde os meus treze anos ouço com frequência vozes desconhecidas. São agradáveis e melodiosas... Nem se pode comparar a elas, embora tão suave, o canto do rouxinol.

Catarina: Ó Joana! São os anjos, claro. Você é tão boa que eu não me surpreendo que Deus e Nossa Senhora a cumulem com suas graças.

Joana: Não sei se essas vozes são as dos anjos, nunca vi um deles. Mas não sou tão boa como você diz. Minhas vozes me incitam a sê-lo e prometem que Nosso Senhor me protegerá sempre se eu conservar o meu coração só para Ele.

Catarina: Joana, o que significa conservar o coração para só Deus? É amar só a Ele? Isso é muito difícil... Amo você acima de tudo o que se possa imaginar. Você acha que a ternura que tenho para com você desagradam a Deus?

Joana: Não, pequena Catarina, não creio. Também amo você ternamente e nosso afeto é agradável a Deus. Mas conservar o coração só para Ele é escolher Jesus por esposo... Há muito tempo minhas vozes aconcselharam-me a consagrar a minha virgindade a Nosso Senhor e entregar a guarda dela a Nossa Senhora. Ó Catarina, se soubesse as ternuras que Jeusus reserva para as almas que escolhe por esposas!

Catarina (levantando-se): Também quero consagrar-me a Jesus! Joana, leva-me logo ao altar de Nossa Senhora, quero aparecer-me com você, tornar-me boa como você.

Joana (sorrindo): Você é ainda muito jovem, irmãzinha, é preciso aguardar e pedir a Nosso Senhor que lhe dê a graça de ser, um dia, sua esposa. Vou pedir para você também. Seja sempre bem comportada e obediente, esse é o meio de atrair os olhares de Deus.